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16 de novembro de 2016

Adeus, Dona Maria


Os olhos fundos e na pele as marcas de quem não pode esconder a alma, tampouco trancá-la. O cigarro entre os lábios finos e os dedos calejados. Eu observava seus passos imprecisos porém firmes.

Um caminho velho e uma vida triste. A morte parecia para ela iminente, espiando em qualquer esquina. Apesar de calejada pela vida, aquela senhora seguia.

Parei em minha casa e enquanto procurava as chaves imaginava quantas vezes aquela mulher não havia dobrado na mesma esquina. 

Quando encontrei o que procurava fiquei observando a velha mulher que, antes de virar no final daquela rua pouco iluminada, parou e jogou o cigarro no chão, desobrigando-se de apagá-lo.

Depois, singelamente dobrou a rua, como mãe que abraça um filho que a muito não via. Seu longo suspiro foi como vento em meus cabelos.


Azevedo da Silva
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